As promoções de livros nos garantem surpresas inenarráveis. Desta vez, em mais um saldão da Livraria Curitiba do Shopping Metrô Tucuruvi, garanti meu exemplar da obra de Allen Eskens, intitulada "A vida que enterramos".
Segue a resenha:
Joe Talbert é um jovem com objetivos muito sólidos. Trabalha como segurança em um bar durante as noites, para poder bancar seus estudos numa Universidade de Mineápolis.
Uma de suas matérias da faculdade, lhe impõe um grande desafio: escrever uma biografia sobre uma pessoa conhecida. Joe logo de cara pensa em desistir. Escrever sobre sua mãe? Nem pensar. A mulher, uma bomba relógio que entre uma bebedeira e outra era trancafiada em alguma prisão por cometer pequenos delitos, só trazia desgostos para o rapaz.
Seu irmão Jeremy, um garoto autista de 18 anos, não possuía tantas histórias interessantes a relatar, por sua própria condição psicológica.
Enfim, com o prazo de entrega do trabalho iminente, Joe se decide e procura o ex-detento Carl Iverson, que se encontra internado em uma Instituição para idosos, para morrer com certa "dignidade". O homem está no estágio final de um câncer.
Carl esteve encarcerado, por cerca de 30 anos, devido a acusação e o posterior veredito de assassinato. Uma garota de 14 anos, chamada Crystal Hagen havia sido encontrada incinerada no galpão de ferramentas da casa de Iverson, pela polícia de Mineápolis.
A princípio Joe percebe uma certa resistência para a realização de seu projeto, não somente da parte de Carl, mas também das funcionárias do asilo, que nutrem por ele uma repugnância tão forte, capaz de lhe furtarem o benefício da dúvida.
A biografia, com o tempo torna-se uma investigação. Joe passa a acreditar na inocência de Carl, tendo em vista as entrevistas que tem de fazer para sua biografia. Com isso, acaba arrastando consigo sua vizinha Lila, que se interessa pela história do velho moribundo e parte nessa jornada intensa, na caça do verdadeiro assassino de Crystal.
Toda essa luta por justiça, possui uma inspiração que tem fortes fundamentos: Carl foi condenado com base em relatos do diário que a garota escrevia. Entretanto, algumas passagens escritas em código, não foram devidamente investigadas pela promotoria na época, e essa circunstância torna-se o prato cheio para o casal de detetives.
Vou dar um spoilerzinho aqui... Quem torcer para que o casal se apaixone e fique junto, vai adorar o final.
Enfim, uma obra deliciosa, instigante, de devorar páginas e páginas sem nem ver a hora passar. Se você está procurando por este tipo de distração "A vida que enterramos" é uma ótima pedida.
Narrado no tempo presente, intercala capítulos sobre as histórias vividas por Carl no Vietnã, o que traz um dinamismo maior ao enredo.
A maior parte do livro é narrado em primeira pessoa, sobre o ponto de vista de Joe, mas os capítulos com as histórias de Carl, estão em terceira pessoa.
Todos as personagens, sem exceção, possuem perfis muito bem construídos e personalidades marcantes. Até mesmo os coadjuvantes, como no caso do amigo de Carl - chamado Virgil - que lutou ao seu lado na guerra, são capazes de nos marcar profundamente.
Para mim, a grande lição contida nas entrelinhas desta obra, está em perscrutar além das evidências e apenas um momento sequer, poder enxergar que há um ser humano por trás de uma acusação de crime. E que esse ser, pode ser inocente. Não estou a falar aqui de coitadismo ou coisa do gênero, mas nessa ânsia em que muitas vezes nos encontramos, podemos cometer injustiças por não raciocinarmos direito.
Então, muito cuidado antes de acusar alguém!!!
Essa é minha reflexão de hoje.
Uma ótima noite a todos.
"A vida que enterramos"
Autor: Allen Eskens
Editora: Intrínseca
Páginas: 270
Avaliação: 5 estrelas
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